Winnicott explicita as três grandes fases do tratamento: na primeira, o paciente desenvolve uma confiança no analista e no processo analítico, sentindo-se visto e entendido pelo profissional; na segunda, com base nessa confiança e sustentação ambiental, o paciente experimenta a si mesmo na relação com o analista e para além dela; e, na terceira, o paciente começa e conquista o sentimento de existir por si mesmo como algo natural (Winnicott, 1965/1983, p. 154). Esta última fase pode ser compreendida como o objetivo último de todo tratamento psicoterápico, ainda que seja um horizonte ideal e nem sempre alcançável.
E que o adoecimento corresponde a um tipo de imaturidade, uma parada no processo de desenvolvimento, e a psicoterapia, por sua vez, ao conjunto de ações e sustentações ambientais que pode retomar esse processo de maturidade.
De modo geral, a psicoterapia é a sobreposição entre a área do brincar do analista e a do paciente. E quando o paciente não consegue brincar, o analista deve ensiná-lo a conquistar essa possibilidade. O brincar, aqui, é sinônimo de estar-com, compartilhar, comunicar e compreender, possibilitar um encontro verdadeiro com o paciente. Logo, o analista fornecerá uma compreensão e um encontro humano que deve fazer o paciente se sentir visto em sua história e em seu sofrimento.
Fulgencio, L. (2018). Os objetivos do tratamento psicanalítico para Freud e para Winnicott. Estilos Da Clinica, 23(2), 344-361. https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v23i2p344-361